Há tempos eu e minha esposa planejávamos uma viagem no trem histórico da CPTM, que oferece três destinos diferentes... Paranapiacaba, Mogi das Cruzes e Jundiaí. Optamos por este último e dentre as várias opções de roteiro, escolhemos o roteiro rural, também conhecido como roteiro das frutas, para que pudéssemos visitar algumas adegas e fazendas produtoras de vinho, além de visitar algumas fazenda de frutas.
A viagem há tanto planejada realizou-se hoje (26/02/11) e nos surpreendemos com a organização da logística do passeio, desde a saída da estação da Luz até a chegada na estação de Jundiaí e as visitas às fazendas.
Quando chegamos à estação da Luz às oito horas da manhã, o trem já estava lá e também uma infinidade de turistas que fariam o mesmo passeio. Muitos tiravam fotos, alguns conversavam admirados sobre o passeio que ainda estava por se realizar. Uma equipe de jornalismo da tv USP também apareceu para entrevistar alguns viajantes para saber quais eram as motivações que levavam as pessoas a terem embarcado nessa viagem.
À entrada do trem, fomos acolhidos por dois funcionários bem simpáticos e sorridentes, que conversavam, brincavam com todos os viajantes, a respeito de algumas curiosidades do trajeto ou do trem.
O trem partiu pontualmente às 8h30, horário que estava de fato marcado no bilhete, e a partir de então, até chegarmos em Jundiaí foi uma bela aula de história. Com muitas curiosidades a respeito de São Paulo como também das cidades vizinhas, como por exemplo, o fato de muitas estações terem ainda o aspecto de quando foram inauguradas devido ao tombamento histórico que receberam do Condephaat.
Ao chegarmos em Jundiaí, fomos recebidos pela guia Maria Inês, mulher muito carismática, que nos conduziu até um micro-ônibus e começou a explanar sobre a história da cidade de Jundiaí e sobre alguns monumentos, curiosidades, aspectos pitorescos, fazendas, o surgimento do circuito das frutas tendo como membros dez cidades da região etc.
Nossa primeira parada foi na Adega Beraldo di Cale, onde conhecemos a Dona Solange, que nos deu uma verdadeira aula de história sobre imigração italiana, tendo como foco a imigração de sua própria família, que veio para o Brasil em 1905 para trabalhar nas fazendas de café, e que a partir da crise da bolsa de valores de 1929 em Nova York e com a queda da produção do café em São Paulo, passaram a investir em uvas para produzirem vinhos. Após a aula de história da imigração italiana, começou uma verdadeira aula sobre a produção de vinhos e todas as etapas necessárias, focalizando principalmente o processo de fermentação. Em seguida, passamos à degustação dos variados tipos de vinho que a fazenda produz, além de deliciosos queijos. Provamos também da Grappa, uma cachaça que segundo o funcionário da adega, chega a ser duas vezes mais forte que uma vodca.
Após saírmos da adega, fomos direto ao restaurante para uma pausa para o almoço... E aqui foi o único problema que encontramos no passeio. A pausa foi de duas horas, o que fez com que a visita seguinte a uma fazenda de frutas na cidade de Itatiba, o sítio São José Tapera Grande, se desenrolasse de maneira apressada, sem que pudessémos aproveitar com mais liberdade e conhecer melhor todas as árvores frutíferas do sítio e suas respectivas peculiaridades. No entanto, apesar do tempo escasso no sítio, o nosso anfitrião, Seu Roberto, tratou o grupo com muita elegância e bom humor, explicando sobretudo os diferentes tipos de caquis existentes. Seu Roberto, que vive no sítio há 54 anos depois de nos conduzir até as frutas num pequeno passeio, nos fez degustar deliciosas geleias produzidas à base das frutas do seu sítio.
Depois, devido ao tempo perdido na hora do almoço, tivemos de voltar às pressas à estação de Jundiaí, para que não perdessêmos o trem de volta a São Paulo.
Enfim, um passeio que valeu a pena... Tomamos vinhos, saboreamos frutas, aprendemos história, conhecemos pessoas que tem experiências de vida que merecem ser compartilhadas, pois são, de certa forma, histórias de superação, por se tratarem de filhos de imigrantes.
Recomendamos o passeio... E aconselhamos... levem bastante dinheiro, pois há muitas coisas para se comprar, e as fazendas ainda não aceitam cartão, nem de débito nem de crédito.
Juliano Vieira e Julita Braga