Não se deixem enganar pelo título de novela mexicana...
Marcas do Infortúnio é um grande romance da literatura brasileira contemporânea.
Escrito por Jonan de Castro Reis e publicado pela Editora Kelps, de Goiânia no ano de 2010.
Embora o início possa soar um pouco estranho por conta dos capítulos introdutórios do livro serem dedicados a um crocodilo de nome Nick, e o modo como ele defende seu território atacando a tudo e a todos que ele vê pelo seu caminho. O curioso é que quando lemos a contracapa, temos a impressão de que Nick é um homem. E só a leitura mesmo do prólogo é que desfaz essa confusão da leitura de contracapa.
A única pessoa que tem uma boa relação com Nick é a garota Mirny, que o conhece desde pequena e é a única com quem o crocodilo se sente seguro, no entanto, a garota se muda para a cidade grande, onde vivenciará novas aventuras que a levarão ao infortúnio do título.
O romance de 334 pp não é cansativo para os leitores, por mais que abuse de flashes-backes e descrições pormenorizadas, a ação está sempre presente. E as mudanças de capítulos sempre traz um frisson, deixando-nos na expectativa do que é que pode acontecer com as personagens, sempre em situações-limite.
Outro dado curioso é o excesso de passagens eróticas. Há momentos que temos a imprressão de estarmos lendo um conto erótico publicado em revistas masculinas, inclusive com uma linguagem vulgar e obscena. Nada contra, visto que o erotismo é algo natural e faz parte da sexualidade humana, e os personagens são extremamente humanos. Não há mocinhos não há vilões. Todos apresentam defeitos e qualidades. O maniqueísmo passa longe da obra, muito embora em alguns momentos a gente torça para que algum deles se dê mal. Nem mesmo Mirny é uma heroína perfeita, se formos levar em consideração algumas atitudes que ela toma no decorrer da trama.
Marcas do Infortúnio traz muitas reflexões em seu bojo: os valores morais, éticos, religiosos, reflexões que passarão despercebidas se o leitor não for um leitor atento às entrelinhas, pois a narrativa é fluída e à medida que os capítulos vão avançando não temos mais vontade de largar o livro.
PS. Jonan de Castro Reis é o mesmo autor de Contos de Arremedo, livro que foi apresentado a mim por intermédio do meu tio Laércio, de Uberlândia - MG. A princípio, ao ler a contracapa do livro de contas, não senti a mínima vontade de lê-lo, pois o resenhista havia comparado seus contos aos de Machado de Assis, o que considerei um sacrilégio. Demorei quase um ano para então folheá-lo e ler um conto. O primeiro conto me encantou. Li outro, mais outro, e quando vi tinha lido o livro todo. Não sei se Contos de Arremedo se equiparam aos contos de Machado de Assis, mas que os contos são excelentes, isso são. Fica na boca sempre o gosto de quero mais.
Marcas do Infortúnio também foi o mesmo tio de Uberlândia que me apresentou a obra, já que ele é amigo pessoal do autor. Me pediu que eu lesse e que entrasse em contato com o autor. Até me passou o e-mail dele. Mas como sou displicente, o perdi. Enfim, o livro eu li. Levei duas semanas. Mas o livro estava encostado desde outubro de 2010 na estante. Agora, tenho que devolver, e se por acaso achar o e-mail do autor, envio a ele minhas considerações.
Juliano Vieira
Professor Juliano, sinceramente fiquei surpreso quando encontrei, ao acaso essa joia na internet, o seu comentário. Foi graças à tecnologia moderna que pude tomar conhecimento desse valioso comentário que ajudará, em muito outros leitores a valorizar o que a cultura oferece de bom em meio a tantas obras e temas discutidos atualmente. A sua visão me trouxe a certeza de que estou no caminho certo, sempre respeitando a inteligência do leitor. Na verdade, o que nós, escritores precisamos é de mentes assim, abertas e prontas para darem suas contribuições em nome da boa literatura. Por tudo isto, o meu muito obrigado. Jonan (jotacastro10@yahoo.com.br).
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