segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Fim da retrospectiva do cinema nacional e a minha premiação particular

Encerrou-se hoje, dia 30 de dezembro, a retrospectiva do cinema nacional no Cinesesc. Ao todo foram contemplados 74 filmes. Infelizmente não pude assistir a todos, pois nas primeiras duas semanas ainda estava lecionando, mas mesmo assim, consegui ver a maioria deles. Dentre os filmes a que assisti concederei, em forma de exercício crítico, uma simbólica premiação dos melhores atores, filmes e diretor do ano. O último filme que vi na mostra foi Léo e Bia, de Oswaldo Montenegro, embora a última sessão da mostra fosse o filme de Silvio Tendler, Utopia e Barbárie, por uma questão de horário não fiquei para vê-lo.

LISTA DOS FILMES CONTEMPLADOS NA RETROSPECTIVA: 400 contra 1 - Uma história do crime organizado; 5x favela - Agora por nós mesmos; O abraço Corporativo; A alma do osso; O amor segundo B.Shianberg; Antes que o mundo acabe; B1-Tenório em Pequim; Bellini e o demônio; O bem amado; Br3 - a peça; Br3 - o documentário; Cabeça a prêmio; A casa verde; Caro Francis; Chico Xavier; Cidadão Boilesen; Cildo; Do começo ao Fim; Como esquecer; Crítico; Diário de Sintra; Doce de Coco; Dzi Croquettes; Elevado 3.5; Eliézer Batista - O engenheiro do Brasil; Embarque imediato; Entre a luz e a sombra; É proibido fumar; Eu e meu guarda-chuva; Os famosos e os duendes da morte; Federal; Fluídos; O grão; A guerra dos vizinhos; High School musical - o desafio; Histórias de amor duram apenas 90 minutos; O homem que engarrafava nuvens; Hotel Atlântico; Os inquilinos - os incomodados que se mudem; Insolação; Jards Macalé - Um morcego na porta principal; Léo e Biá; Lula, o filho do Brasil; As melhores coisas do mundo; No meio do mundo; No meu lugar; Nosso lar; Ouro negro; Pachamama; Plastic City - A cidade de plástico; Praça Sans Penã; Programa Casé - o que a gente não inventa não existe; Quincas Berro d' água; Reflexões de um liquidificador; Rita Cadillac, a lady do povo; Segurança nacional; Sem fio; Soberano, 6x São Paulo; Só dez por cento é mentira; O sol do meio dia; Solo; Sonhos roubados; Som e fúria - o filme; Ao Sul de Setembro; A suprema felicidade; Terras; Terra deu, terra come; Em teu nome; Topografia de um desnudo; Tropa de elite 2 - O inimigo agora é outro; Uma noite em 67; Utopia e Barbárie; Viajo porque preciso, volto porque te amo; Xuxa em O mistério da Feiurinha.

Com vocês, agora, a premiação, com pequenas explicações que me motivaram a tais escolhas.

MELHOR FILME: A suprema felicidade, de Arnaldo Jabor.
Embora a preferência da maioria das pessoas recaiam sobre Tropa de Elite 2, de José Padilha, que de fato é uma obra-prima muito bem conduzida por seu diretor, o filme de Jabor apresenta um lado muito mais poético, mais lúdico ao retratar a sociedade brasileira dos anos 40, 50 e início dos anos 60. Não que eu também não tenha achado Tropa de Elite 2 um excelente filme, mas minha escolha se deve ao fato de que temáticas mais amenas me agradam mais que temáticas que abordem com veemência as questões político-sociais-econômicas.

MELHOR DOCUMENTÁRIO: DZI CROQUETTES, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez.
O documentário Dzi Croquettes se insere na categoria dos bons filmes do gênero que vêm surgindo nos últimos anos. E particularmente este filme me tocou porque faz uma reflexão sobre a memória cultural ao resgatar um grupo formado por homens que se travestiam de mulheres em espetáculos musicais e cômicos, satirizando escancaradamente os ideiais de família e bons costumes e ainda assim driblando toda a censura da época. Esse resgate cultural do grupo foi muito benvindo, sobretudo se levarmos em consideração que a maioria das pessoas da minha geração nunca tinham ouvido falar da trupe. E conforme alguns depoimentos, a história do grupo não se finda com a separação dos seus componentes, já que seus integrantes influenciaram diretamente o gênero de teatro que viria a se consagrar depois como Teatro Besteirol, ao qual tenho o maior apreço.

MELHOR ATOR: Marco Nanini, A suprema Felicidade.
Marco Nanini é um ator que dispensa comentários, visto que praticamente todos os conhecem de seus trabalhos na tv ou no teatro. Nanini é um ator que consegue transitar entre o humor e o drama em uma questão de segundos, e sua performance como o avô-coruja do protagonista do filme de Jabor é de fazer os olhos encherem de lágrimas, sobretudo nas últimas cenas do filme, em que a personagem é acometida por uma doença que o faz perder a memória gradativamente.

MELHOR ATRIZ: Ana Lúcia Torre, Reflexões de um liquidificador.
Ana Lúcia faz praticamente um monólogo neste filme, já que contracena a maior parte do tempo com um liquidificador (voz de Selton Melo). O filme que apresenta um humor negro de fato hilariante, de certa forma, funciona devido ao timing de humor que Ana Lucia empresta a sua personagem, Elvira, que assassina o marido e o esquarteja para triturá-lo no liquidificador, e assim eliminar todas as provas que possam se voltar contra ela.

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Irandhir Santos, Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro
Ator que vem se destacando em outras produções cinematográficas, como Quincas Berro d'água e a voz narrativa de Zé Renato, no documentário Viajo porque preciso, volto porque te amo, Irandhir Santos compõe um professor universitário e também funcionário do grupo ligado aos direitos humanos no Rio de Janeiro de forma extremamente competente, chegando às vezes a rivalizar com Wagner Moura no quesito boa atuação, e todas as nuances de seu personagem, nos diversos espaços sociais em quais circula, família, universidade, congresso (pois é eleito deputado), são compostas de modo a eliminar toda a caricatura fácil que esse tipo de personagem ensejaria.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Caroline Guedes, Antes que o mundo acabe.
A atriz mirim que vive a irmã do protagonista do filme Antes que o mundo acabe e que funciona como uma espécie de diretora e narradora do filme interpreta sua personagem de forma extremamente sensível e sem vícios de atuação justamente pelo fato de ainda ser uma criança. E a criança personagem ao mesmo tempo que se mostra amorosa pode se mostrar com raiva mortal devido às atitudes pueris do seu irmão adolescente.

MELHOR DIREÇÃO: Ana Luiza Azevedo
Por mais que ser bom diretor (a) seja o fato de delegar poderes a outros técnicos sem no entanto perder o pulso firme (como diria o meu amigo Carlos Taira), creio que Ana Luisa foi uma boa diretora não somente porque fez um bom filme, mas porque teve que dirigir crianças e adolescentes, que sem sombra de dúvidas, exige maior dedicação, pois ao mesmo tempo em que eles não têm o vício de atuação também não apresentam experiência diante das câmeras. Nesse sentido, Lais Bodansky também merece uma menção honrosa por As melhores coisas do mundo e Sandra Werneck por Sonhos Roubados.

OUTRAS MENÇÕES HONROSAS.

Diretor: José Padilha, Tropa de Elite 2, o Inimigo agora é outro.
Ator: Chico Diaz, Praça Sans Penã e O sol do meio dia
Ator coadjuvante: Murilo Rosa, Como esquecer
Atriz: Nanda Costa, Sonhos Roubados
Atriz coadjuvante: Glória Pires, Lula, o filho do Brasil

FILMES: Como esquecer; Léo e Bia, Praça Sans Penã, Tropa de elite 2, o inimigo agora é outro, Reflexões de um liquidificador; Ao sul de setembro.

DOCUMENTÁRIOS: Caro Francis; Só dez por cento é mentira; Cidadão Boilesen; Entre a luz e a sombra.

Eis as escolhas para esse ano.

No próximo post, de forma retroativa vou colocar os melhores do ano 2009, mas sem no entanto fazer uma análise das minhas escolhas.

Juliano

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