terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma introdução à História do Comando Vermelho












Você sabe como se iniciou o Comando Vermelho?

A conhecida facção Comando Vermelho nasceu no fim dos anos 1970 em meio ao regime político do militarismo.

Várias gangues controlavam os presos do Instituto Cândido Mendes, a Falange Zona Sul, a Falange do Coréia, mas uma delas se destacava, a Falange Jacaré. Suas lideranças vinham do bairro Jacarezinho e outros bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Responsável por grande parte das mortes da cadeia, a Falange Jacaré praticava violência sexual com rotina e estava sempre pronta para exigir os alimentos trazidos pelas famílias para os detentos.

Entre 1978 e 1979, uma nova falange aparece com força total e ideais diferentes, a Falange Vermelha, que dizia defender a paz na cadeia e o bem-estar coletivo, tornando-se o nacionalmente conhecido Comando Vermelho.

A organização criminosa, que hoje representa uma das principais ameaças à Segurança Pública Nacional, teve sua origem provocada pela própria Lei de Segurança Nacional.

Pela nova redação da Lei os dois grupos: assaltantes comuns de bancos e militantes políticos teriam o mesmo tratamento, o julgamento por tribunais militares e o confinamento em presídios comuns. O objetivo era desqualificar qualquer pretensão dos presos políticos em obter o seu reconhecimento como um grupo diferenciado.

Os presos políticos logo se organizaram para tornar a vida na prisão menos dura, a coletividade era mais importante que o individual e com este pensamento tornaram-se fortes, passando a negociar com a direção do presídio.

O uso de tóxicos e o jogo eram proibidos, ordens que também eram acatadas pelos presos comuns, que eram minoria.

O roubo de um relógio de um preso político por um detento comum acabou afastando os dois grupos. Os subversivos deram uma surra no ladrão e aproveitaram para pedir à direção do presídio o isolamento dos presos comuns e adquirir o estatuto de grupo diferenciado.

A direção do presídio acatou e logo muros foram construídos na galeria para separar os presos políticos dos demais “Lei de Segurança”.

Em 1975 e 1976 os presos políticos foram transferidos para unidades do Rio de Janeiro para ficarem mais perto de suas famílias.

Os presos comuns continuaram no isolamento e aprenderam com os presos políticos a reivindicarem seus direitos. O Falange Vermelho, grupo formado por presos comuns, logo entrou em conflito com o Falange Jacaré, que foi praticamente aniquilado em 1979.

O Falange Vermelha estava longe de ser movido apenas por ideais altruístas, o dinheiro arrecadado pelos presos beneficiava mais os líderes, principalmente no que diz respeito às fugas. Os negócios ilícitos da cadeia, as drogas e o jogo já não eram proibidos e financiavam a facção, tornando-os uma força ditatorial. Os opositores do Falange Vermelha eram inimigos chamados “alemão”.

Confrontos aconteceram com outras facções dentro e fora do presídio fortalecendo ainda mais o Falange Vermelha.

A violência se alastrou pelas demais cadeias, vários presos morriam em nome de um comando geral por parte das facções.

Após várias mortes e acontecimentos que já fugiam ao controle da direção de vários presídios finalmente chegaram à conclusão de que os mandantes do Falange Vermelha deveriam ser exilados e assim veio a decisão de confinar a liderança do Falange Vermelha na Ilha Grande, no entanto, um acontecimento precipitou a decisão.

Na madrugada do dia 8 de novembro, de 1983, os falangistas, que estavam abrigados no presídio Milton Dias Moreira, organizaram a tentativa de fuga. Frustrada em parte a tentativa de fuga levou no dia seguinte, 10 de novembro, de 1983, 36 presos para a Ilha Grande.

Com o objetivo de ser simplista, resumi apenas uma parte da história do Comando Vermelho, facção criminosa que ainda lidera no Rio de Janeiro o tráfico de drogas e outros ilícitos penais.

Quem tiver maior interesse na história desse grupo poderá ler a obra de Julita Lemgruber e Anabela Paiva, A dona das chaves: Uma mulher no comando das prisões do Rio de Janeiro. E para aqueles que amam a sétima arte, o filme 400 contra 1: Uma história do crime organizado, de Caco Souza, com Daniel de Oliveira encabeçando o elenco. E não parando por aí o livro de William da Silva Lima, um dos fundadores da organização criminosa, Quatrocentos contra um, uma história do Comando Vermelho.

Julita Braga.

Um comentário:

  1. Ótima explicação Juliano. Parabéns ! Assisti ao filme ontem...sua explanação, foi uma das melhores que eu vi.

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