De uns tempos para cá, o cinema nacional tem retratado em suas temáticas o universo dos adolescentes e três filmes soam emblemáticos nesta nova fase: Os excelentes As melhores coisas do mundo, Antes que o mundo acabe e Os famosos e os duendes da Morte.
O filme Desenrola, de Rosane Svartman, que tinha tudo para seguir o mesmo caminho de êxito dos três filmes anteriormente citados, acaba por patinar em seu fraco enredo e mais se enrola durante uma hora e meia de projeção do que desenrola de fato.
Não que as atuações do elenco sejam ruins, pelo contrário, cada adolescente escalado para o filme defende com muita graça e propriedade suas personagens, e muitos deles podem se tornar bons atores com um pouco mais de estudo, caso da protagonista Olivia Torres.
Desenrola é a história de Priscila, uma adolescente de 16 anos que quer aproveitar a viagem da mãe (Cláudia Ohana) para perder a virgindade. E ela faz de tudo para conseguir seu intento, até que por fim consegue e percebe que sua pressa não era necessária, pois ao mesmo tempo que perdeu a virgindade e deixa de se sentir uma estranha perante às outras meninas, se dá conta de que fez com a pessoa errada (Kayky Brito) e se arrepende e não terá mais chance de mudar o ocorrido.
A linguagem juvenil é apropriada para o filme, já que o seu público-alvo é este, no entanto, o enredo extremamente banal e superficial, de uma menina que quer a todo custo perder sua virgindade parece ser uma apologia para que as garotas iniciem suas relações sexuais cada vez mais cedo, mesmo que não exista nenhum tipo de sentimento pela pessoa que ela escolha para desvirginá-la.
Muitos outros temas são tratados de forma rasa, como a iniciação sexual masculina, a gravidez na adolescência, a exposição da intimidade na web etc...
Os adolescentes poderão gostar muito do filme, já que seu universo é abordado de forma bem realística (por mais que piadas sem graça apareçam no decorrer do filme). Além disso, agora as meninas poderão dizer às suas mães que elas já tiveram 16 anos e que também já foram jovens para que possam justificar uma sexualidade precoce. (ou induzida pelo turbilhão de imagens erotizadas a que somos expostos no dia a dia).
Mas uma pergunta fica no ar... Por mais que os jovens pensem com frequência na primeira vez, será que eles também não pensam em outros assuntos pertinentes à sua faixa etária? O filme dá a entender que eles pensam em sexo o tempo todo, sem aberturas para outras vivências, e partindo desse pressuposto, o filme poderá desagradar aos adultos que já passaram por esta fase e já viveram todos esses dilemas.
Reflexão número 2: Será que o filme conseguiu com sua mensagem quebrar o tabu da virgindade entre as jovens? Ou este tabu já foi quebrado há muito tempo e o filme é apenas uma banalização do sexo?
Em tempo... O papel de Juliana Paes como a tia de Alfenas - MG está completamente deslocado no contexto do filme... e Pedro Bial é um professor passando um trabalho? Ou é Pedro Bial passando instruções para uma nova prova do líder do Big Brother Brasil?
Juliano Vieira
A personagem Priscila, adolescente de 16 anos passa a enxergar a virgindade como um peso e quer se ver livre desta situação a qualquer custo, principalmente pelo fato dela ter uma paixão arrebatadora pelo Rafa (Kayky Brito). No desenrolar da trama, ela (Priscila) consegue seu intento, porém, percebe que para Rafa não teve a menor importância. O que percebi do enredo é que para Priscila foi um verdadeiro alívio, pois ela se sentia como um peixe fora dágua diante das amigas que já não eram mais virgens, porém, ainda, apaixonada pelo Rafa. Ao meu ver ela descobre não só que ser ou não virgem não lhe faz tão diferente assim, ela passa a dar valor ao verdadeiro amor que o personagem Boca tem por ela. E não vejo nenhum arrependimento em sua atitude em relação a virgidandade, pois, estava decidida e com deveria ser, mesmo sabendo que o Rafa não sentia o mesmo que ela.
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