sábado, 12 de março de 2011

ANTES DA COISA TODA COMEÇAR


Em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil, a peça Antes da coisa toda começar, de Mauricio Arruda Mendonça e Paulo de Moraes, com direção deste último e encenada pela Armazém Companhia de Teatro é um mergulho nos nossos sentidos.
A peça em si parece não ter lógica alguma ao seguir um conceito completamente absurdo ao qual o público de teatro não está muito acostumado, visto que nos habituamos a histórias lineares.
No entanto, um pouco de atenção faz com que a gente perceba o fio narrativo e nota que três personagens conduzem as cenas, e que esses três personagens são as lembranças de um espectro (segundo a sinopse oficial do espetáculo). Mas como a peça fala sobre morte de uma maneira quase que imperceptível (embora muitas vezes citada) seria mais apropriado dizer que é um fantasma com suas possíveis lembranças.
Os três personagens condutores da narrativa são Léa, uma cantora frustrada que tentou o suícidio e agora agoniza numa cama de hospital porque fracassou no seu intento. Zoé, uma garota apaixonada pelo irmão e que não consegue concretizar essa paixão e Téo, um ator canastrão que tem consciência de sua falta de talento. O ponto em comum entre as três personagens é o fracasso, embora outros pontos possam ser ligados de acordo com cada espectador.
Por ser fragmentado, o texto é um verdadeiro jogo de quebra-cabeça em que sempre faltará uma peça para realizar o encaixe perfeito, o que permitirá múltiplas leituras do espetáculo.
Em tempo: A música executada ao vivo pelo próprio elenco dão um ritmo alucinante e um enorme charme à peça.
A Armazém Companhia de Teatro esteve em São Paulo, no ano de 2005, apresentando a peça PESSOAS INVISÍVEIS, baseada nos quadrinhos de Will Eisner. Ao assistir ANTES DA COISA TODA COMEÇAR, tive o meu reencontro com o trabalho desse grupo.
Sobre o elenco, a atriz Patricia Selonk dá um show como Zoé. Segura de si em todas as cenas em que esteve presente, ela destaca-se do restante do grupo, que também não faz feio quando requisitados em cargas dramáticas mais apuradas.
Juliano Vieira

O RITUAL



Eu nem sei ainda por que insisto em assistir a filmes do gênero, já que sei que não vou gostar. Talvez seja pela ânsia de ver tudo que está em cartaz na cidade. Ou ainda pode ter sido pelo fato de o filme ter por protagonista o ator Anthony Hopkins, de quem admiro o trabalho desde o já clássico O silêncio dos inocentes.
Mas enfim, lá estava eu na sessão no shopping Tamboré, assitindo a mais um filme sobre exorcismo. O diferencial desse para os outros é que a sinopse diz que o roteiro foi baseado em fatos reais. Talvez até seja mesmo.
O filme não chega a ser terror, não assusta ninguém, e é um festival de más interpretações, ou no mínimo, interpretações limitadas, incluindo aí a de Alice Braga, que dá vida a uma jornalista que quer fazer um artigo sobre o fenômeno do exorcismo.
Michael Kovak, vivido por Colin O'Donoghue (um fraco desempenho) trabalha na funerária de seu pai preparando corpos para serem velados, quando surge a opção de ir estudar por quatro anos num seminário tornar-se padre. Quando percebe que não tem vocação alguma para seguir a religião devido ao seu extremo ceticismo, ele recebe uma proposta para ir a Roma estudar rituais de exorcismo, e assim não ter que reembolsar o dinheiro da bolsa que a igreja católica lhe concedeu durante os quatro anos de seminário.
Quando o curso começa e o Padre responsável percebe toda a descrença de Michael, ele o apresenta a Padre Lucas, (Anthony Hopkins), um dos mais respeitados exorcistas do mundo. E aí o conflito íntimo se instala pois Michael começa a presenciar cenas sobrenaturais que sua mente racional não consegue processar. Como podem perceber, um papel de carga dramática complexa foi entregue a um ator sem expressão alguma.
Outra situação que contribui de forma negativa no filme é que já virou clichê sempre ter uma mulher possuída pelo demônio e se contorcendo toda. Esse filme em particular me lembrou até o clássico de Roman Polansky, O bebê de Rosemary, pelo fato de a moça possuída estar grávida. Mas não há analogia entre um e outro, foi apenas uma lembrança evocada mesmo.
Em tempo... o filme não disse a que veio. E Anthony Hopkins, ultimamente, por mais que seja um grande ator, tem deixado a desejar a aceitar fazer filmes como O lobisomem e O ritual. Ou está precisando de dinheiro ou está sendo muito mal-assessorado por seu agente.
Juliano Vieira

segunda-feira, 7 de março de 2011

TIO BONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS.


Dando vazão a minha paixão por filmes, resolvi ver neste feriadão prolongado alguns filmes, dentre eles, o ganhador do festival de Cannes 2010: Tio Bonmee, que pode recordar suas vidas passadas, de Apichatpong Weeresethakul.

O curioso é que por ter ganhado a palma de ouro em um dos principais festivais de cinema do mundo, o filme foi super bem recebido pela crítica especializada brasileira. Mas aí eu lanço uma pergunta: Será que entenderam? Será que as pessoas que dizem que gostaram entenderam? Ou apenas estão seguindo os especialistas?

O enredo em si não traz nada de complicado. Tio Bonmee tem uma doença renal e muda para a floresta com sua irmã, enquanto espera a morte ou a cura. Vai saber. O grande problema é que as cenas se arrastam em diálogos intermináveis, muitas vezes nonsense para um público ocidental.

Não estou dizendo que o filme seja sem sentido, talvez tenha significados até demais. Muitas camadas de significado. Temos que levar em conta que o diretor é tailandês, e talvez haja muito da cultura e folclore tailandês ali presentes, obscuros para nós que não somos muito familiarizados com o cinema asiático, a não ser os mais clássicos, como os japoneses, chineses e iranianos.

O filme é estranho. Pode ser que a estranheza presente no filme é o que torne para lá de "artístico". O ritmo é lento, beira mesmo à chatice. É enfadonho. Não à toa, muitos estavam a bocejar ou cochilar na sessão. Se eu estivesse cansado acabaria dormindo também.

Há cenas inexplicáveis. Ou explicáveis para quem entenda de cultura tailandesa.

Só para citar algumas, durante um jantar o espírito da esposa de Tio Bonmee aparece à mesa, e em seguida o filho dele desaparecido há seis anos, transformado em macaco-fantasma porque copulou com outro macaco-fantasma.

Uma cena linda, mas para lá de surreal é uma princesa conversando com um bagre. E depois, esse bagre deflorando a princesa, de modo a tingir o lindo cenário de cachoeiras de um vermelho vivo nas águas. Ou ainda, a cena em que um monge sai para jantar e vê seu corpo assistindo a televisão.

Não sei se esse filme tem uma explicação lógica, ou se só deve servir como uma experiência sensorial por conta das fotografias belíssimas de cada cena.

Um amigo em comum disse que eu não gostaria do filme... e que era melhor eu não ir ver. Mas fui. Achei chato, e por mais paradoxal que possa parecer... tenho vontade de ver novamente, para tentar pegar detalhes que possam ter me escapado.

Mas o começo do filme já é uma prévia do que teremos uma narrativa lenta pela frente. Um boi amarrado à uma árvore e que foge até ser capturado.

Os mais corajosos ficam até o fim. E mesmo que achem enfadonho o filme, resistam. Não saiam no meio da sessão...

Talvez a experiência cinematográfica em vocês façam muito mais sentido que em mim.

E se o assunto às vezes falta no filme, e a gente dispersa com outros pensamentos durante a sessão... a fotografia que passa diante das nossas retinas é deslumbrante.

Afinal, gostei? Não gostei? Nem eu sei, pois não considero o meu aborrecimento, a chatice que senti ao ver o filme como sinônimo de um filme ruim. Talvez minha mente não estivesse mais apta para refletir, pois já tinha visto dois filmes antes, o blockbuster 127horas, e o excelente Incêndios.

Quem sabe Tio Bonmee não reprise na mostra cinesesc em Abril, ou em alguma outra mostra e eu tenha a oportunidade de lançar um segundo olhar? Um olhar mais apurado e menos viciado?


Juliano Vieira






Marcas do Infortúnio


Não se deixem enganar pelo título de novela mexicana...


Marcas do Infortúnio é um grande romance da literatura brasileira contemporânea.


Escrito por Jonan de Castro Reis e publicado pela Editora Kelps, de Goiânia no ano de 2010.


Embora o início possa soar um pouco estranho por conta dos capítulos introdutórios do livro serem dedicados a um crocodilo de nome Nick, e o modo como ele defende seu território atacando a tudo e a todos que ele vê pelo seu caminho. O curioso é que quando lemos a contracapa, temos a impressão de que Nick é um homem. E só a leitura mesmo do prólogo é que desfaz essa confusão da leitura de contracapa.


A única pessoa que tem uma boa relação com Nick é a garota Mirny, que o conhece desde pequena e é a única com quem o crocodilo se sente seguro, no entanto, a garota se muda para a cidade grande, onde vivenciará novas aventuras que a levarão ao infortúnio do título.


O romance de 334 pp não é cansativo para os leitores, por mais que abuse de flashes-backes e descrições pormenorizadas, a ação está sempre presente. E as mudanças de capítulos sempre traz um frisson, deixando-nos na expectativa do que é que pode acontecer com as personagens, sempre em situações-limite.


Outro dado curioso é o excesso de passagens eróticas. Há momentos que temos a imprressão de estarmos lendo um conto erótico publicado em revistas masculinas, inclusive com uma linguagem vulgar e obscena. Nada contra, visto que o erotismo é algo natural e faz parte da sexualidade humana, e os personagens são extremamente humanos. Não há mocinhos não há vilões. Todos apresentam defeitos e qualidades. O maniqueísmo passa longe da obra, muito embora em alguns momentos a gente torça para que algum deles se dê mal. Nem mesmo Mirny é uma heroína perfeita, se formos levar em consideração algumas atitudes que ela toma no decorrer da trama.


Marcas do Infortúnio traz muitas reflexões em seu bojo: os valores morais, éticos, religiosos, reflexões que passarão despercebidas se o leitor não for um leitor atento às entrelinhas, pois a narrativa é fluída e à medida que os capítulos vão avançando não temos mais vontade de largar o livro.


PS. Jonan de Castro Reis é o mesmo autor de Contos de Arremedo, livro que foi apresentado a mim por intermédio do meu tio Laércio, de Uberlândia - MG. A princípio, ao ler a contracapa do livro de contas, não senti a mínima vontade de lê-lo, pois o resenhista havia comparado seus contos aos de Machado de Assis, o que considerei um sacrilégio. Demorei quase um ano para então folheá-lo e ler um conto. O primeiro conto me encantou. Li outro, mais outro, e quando vi tinha lido o livro todo. Não sei se Contos de Arremedo se equiparam aos contos de Machado de Assis, mas que os contos são excelentes, isso são. Fica na boca sempre o gosto de quero mais.


Marcas do Infortúnio também foi o mesmo tio de Uberlândia que me apresentou a obra, já que ele é amigo pessoal do autor. Me pediu que eu lesse e que entrasse em contato com o autor. Até me passou o e-mail dele. Mas como sou displicente, o perdi. Enfim, o livro eu li. Levei duas semanas. Mas o livro estava encostado desde outubro de 2010 na estante. Agora, tenho que devolver, e se por acaso achar o e-mail do autor, envio a ele minhas considerações.


Juliano Vieira

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Expresso Turístico CPTM - O circuito das frutas - Jundiaí e Região.


Há tempos eu e minha esposa planejávamos uma viagem no trem histórico da CPTM, que oferece três destinos diferentes... Paranapiacaba, Mogi das Cruzes e Jundiaí. Optamos por este último e dentre as várias opções de roteiro, escolhemos o roteiro rural, também conhecido como roteiro das frutas, para que pudéssemos visitar algumas adegas e fazendas produtoras de vinho, além de visitar algumas fazenda de frutas.


A viagem há tanto planejada realizou-se hoje (26/02/11) e nos surpreendemos com a organização da logística do passeio, desde a saída da estação da Luz até a chegada na estação de Jundiaí e as visitas às fazendas.


Quando chegamos à estação da Luz às oito horas da manhã, o trem já estava lá e também uma infinidade de turistas que fariam o mesmo passeio. Muitos tiravam fotos, alguns conversavam admirados sobre o passeio que ainda estava por se realizar. Uma equipe de jornalismo da tv USP também apareceu para entrevistar alguns viajantes para saber quais eram as motivações que levavam as pessoas a terem embarcado nessa viagem.


À entrada do trem, fomos acolhidos por dois funcionários bem simpáticos e sorridentes, que conversavam, brincavam com todos os viajantes, a respeito de algumas curiosidades do trajeto ou do trem.


O trem partiu pontualmente às 8h30, horário que estava de fato marcado no bilhete, e a partir de então, até chegarmos em Jundiaí foi uma bela aula de história. Com muitas curiosidades a respeito de São Paulo como também das cidades vizinhas, como por exemplo, o fato de muitas estações terem ainda o aspecto de quando foram inauguradas devido ao tombamento histórico que receberam do Condephaat.


Ao chegarmos em Jundiaí, fomos recebidos pela guia Maria Inês, mulher muito carismática, que nos conduziu até um micro-ônibus e começou a explanar sobre a história da cidade de Jundiaí e sobre alguns monumentos, curiosidades, aspectos pitorescos, fazendas, o surgimento do circuito das frutas tendo como membros dez cidades da região etc.


Nossa primeira parada foi na Adega Beraldo di Cale, onde conhecemos a Dona Solange, que nos deu uma verdadeira aula de história sobre imigração italiana, tendo como foco a imigração de sua própria família, que veio para o Brasil em 1905 para trabalhar nas fazendas de café, e que a partir da crise da bolsa de valores de 1929 em Nova York e com a queda da produção do café em São Paulo, passaram a investir em uvas para produzirem vinhos. Após a aula de história da imigração italiana, começou uma verdadeira aula sobre a produção de vinhos e todas as etapas necessárias, focalizando principalmente o processo de fermentação. Em seguida, passamos à degustação dos variados tipos de vinho que a fazenda produz, além de deliciosos queijos. Provamos também da Grappa, uma cachaça que segundo o funcionário da adega, chega a ser duas vezes mais forte que uma vodca.


Após saírmos da adega, fomos direto ao restaurante para uma pausa para o almoço... E aqui foi o único problema que encontramos no passeio. A pausa foi de duas horas, o que fez com que a visita seguinte a uma fazenda de frutas na cidade de Itatiba, o sítio São José Tapera Grande, se desenrolasse de maneira apressada, sem que pudessémos aproveitar com mais liberdade e conhecer melhor todas as árvores frutíferas do sítio e suas respectivas peculiaridades. No entanto, apesar do tempo escasso no sítio, o nosso anfitrião, Seu Roberto, tratou o grupo com muita elegância e bom humor, explicando sobretudo os diferentes tipos de caquis existentes. Seu Roberto, que vive no sítio há 54 anos depois de nos conduzir até as frutas num pequeno passeio, nos fez degustar deliciosas geleias produzidas à base das frutas do seu sítio.


Depois, devido ao tempo perdido na hora do almoço, tivemos de voltar às pressas à estação de Jundiaí, para que não perdessêmos o trem de volta a São Paulo.


Enfim, um passeio que valeu a pena... Tomamos vinhos, saboreamos frutas, aprendemos história, conhecemos pessoas que tem experiências de vida que merecem ser compartilhadas, pois são, de certa forma, histórias de superação, por se tratarem de filhos de imigrantes.


Recomendamos o passeio... E aconselhamos... levem bastante dinheiro, pois há muitas coisas para se comprar, e as fazendas ainda não aceitam cartão, nem de débito nem de crédito.


Juliano Vieira e Julita Braga

sábado, 12 de fevereiro de 2011

CISNE NEGRO


Dos dez filmes que concorrem ao oscar 2011, só vi quatro deles, mas isso não me impedirá de torcer ardorosamente pelas categorias de melhor filme e melhor atriz. O filme em questão é Cisne Negro, e a atriz, Natalie Portman, atriz que há muito tempo já venho acompanhando a carreira, em filmes como Em qualquer outro lugar, Free Zone, Entre Irmãos, A outra, Um beijo roubado, Viagem a Darjeeling. Closer e notado sua evolução como intérprete e sua transformação numa grande atriz. A própria Natalie já declarou em entrevistas que não aceita fazer qualquer papel, e que analisa muito bem todas as propostas antes de assinar para algum filme.


No caso do filme Cisne Negro, a entrega de Natalie para a composição da personagem, uma dedicada bailarina de uma companhia de dança, beira à obsessão, ainda mais se formos levar em conta as aulas de balé que fez para aprimorar seus passos, a seriedade com que frequentava os sets de filmagens, se isolando num canto, e só se relacionando com outros atores durante os momentos de filmagens, como se estivesse de fato a incorporar a perturbada bailarina.


O filme, de um modo geral, nos mostra como uma artista em busca da perfeição se dedica de corpo e alma à arte e como tal dedicação pode influenciar negativamente na construção de determinados personagens.


A vida da bailarina Nina Sayers parece normal até o momento em que o diretor de arte, Thomas, da companhia de balé na qual trabalha resolve levar ao palco uma nova temporada do balé O lago dos Cisnes, com uma versão atualizada, em que uma mesma dançarina deverá representar o cisne branco, que representa a pureza, e também o seu lado obscuro e impulsivo, o cisne negro.


Aproveitando a aposentadoria forçada da principal estrela da companhia de balé, Beth, interpretada por Winona Ryder, Nina pleiteia o papel principal e se julga capaz de interpretá-lo, justamente por ser uma artista obstinada e que está o tempo todo ensaiando para melhorar suas performances. No entanto, Thomas acha que ela é capaz apenas de dar vida ao Cisne Branco, por ser uma menina meiga, frágil, doce e duvida de sua capacidade de interpretar o Cisne Negro, com todas as suas impulsões destrutivas.


Com receio de perder o papel, Nina, começa a ter alucinações, delírios, e passa a ter atitudes extremamente paranóicas, sobretudo quando chega uma nova bailarina na companhia, que ela pensa que quer tomar o seu lugar de estrela. Lily, a nova bailarina servirá também como um escape sexual, visto que Nina apresenta uma sexualidade reprimida. O interessante é que, nós espectadores, praticamente não sabemos quais são os momentos de lucidez ou de delírios da personagem.


Para completar, a mente de Nina é cada vez mais afetada também pela superproteção da mãe (Barbara Hershey), uma bailarina frustrada que teve de abandonar a carreira para se dedicar à maternidade.


Em certos momentos, o filme lembra os trillers psicológicos e chegamos mesmo a nos assustar, principalmente com a transformação degradante de Nina em um cisne, marcadas pelas passagens em que ela dilacera a própria pele repleta de feridas ou com os seus dedos grudando uns nos outros.


É de bom tom ressaltar que Natalie Portman não brilha sozinha neste filme, os atores que as circundam também estão perfeitos. Vincent Cassel como o diretor de arte que busca não a perfeição e a técnica da dança mas a dança por paixão e instinto, de modo que soa o tempo todo arrogante por cutucar o excesso de primor em suas dançarinas. Em relação ao fato de ele se envolver com elas, poderiam ser levantadas algumas questões. Seria este envolvimento por amor à arte, para que suas aspirantes a estrelas vivam uma paixão arrebatadora e leve este impulso ao palco ou apenas para se aproveitar de artistas frágeis e debilitadas por tantos ensaios.


Mila Kunis também poderia ser indicada por uma performance de coadjuvante, pois nos poucos momentos em que aparece em cena, é uma perfeita antagonista de Nina. O que esta tem de destrutiva e amargurada, aquela tem de alegria e espontaneidade e é uma constante ameaça à Nina.


Cisne Negro é o coroamento de um filme que tinha tudo para passar apenas em circuitos alternativos, mas que devido à indicação ao oscar está sendo exibido em salas mais comerciais, propiciando a um tipo de público não acostumado a filmes ditos de "arte" a terem contato com uma grande obra, e perceberem que ela não é nenhum bicho de sete cabeças, basta entrar no jogo, e viajar na mente esquizofrênica da personagem.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O TURISTA



Apesar de um roteiro fraco e pífias atuações do casal de protagonistas, O turista vem dividindo opiniões entre os críticos das mais diferentes formações.

Alguns dizem que Johnny Depp e Angelina Jolie, mesmo sendo grandes atores e querendo trabalhar juntos pela primeira vez não tiveram química suficiente e suas atuações foram consideradas aquém do que normalmente eles são capazes de interpretar, pois foram prejudicados por uma direção insegura de Floriel Von Donnersmarck (A vida dos outros).

Outros já alegam que a despeito de atuações fracas, o filme é bom, porque faz uma brincadeira com os filmes de espionagem, revisitando o gênero de uma forma bem-humorada.

Mas por fim, o Turista não passa de um filme em que devemos nos relaxar para brindar duas horas de puro lazer dentro do cinema e curtir a maravilhosa fotografia de Paris e Veneza, (cidades onde se passa o filme) charmosas por natureza a receber o charme de Angelina Jolie, tornando-as ainda mais belas.

Em relação à trama, o enredo é simplista (embora alguns digam que esteja cheio de reviravoltas) e nada plausível, dir-se-ia até óbvio demais, beirando mesmo ao pastelão, o que pode até ser o motivo de ter deixado Depp pouco à vontade no papel, embora ele esteja acostumado a fazer tipos ingênuos e caricatos.

O Turista conta a história de Elise Ward (Jolie) que recebe um bilhete de seu marido, Alexander Pearce, para que ela pegue um trem com destino a Veneza e lá escolha alguém que tenha um físico aparentado com o dele, que fez uma operação plástica e mudou a configuração do seu rosto, pois está sendo procurado pela polícia assim como por um bando de gângsteres a quem ele aplicou um golpe milionário.

Assim, Elise, escolhe o professor de matemática Frank Tupelo (Depp) para despistar a Interpol, mas sem saber que o seu marido também está sendo procurado por um mafioso americano que se cerca de capangas russos.

A partir desse mote, inicia-se uma história de caça e caçador, com situações também dignas de filmes de aventuras, mas aí nesse ponto a falta de plausibilidade toma conta do filme, sobretudo quando vemos um professor de matemática se sair bem e com muita desenvoltura de todas as confusões nas quais ele é enredado.

Para encerrar, não deixem de assistir ao filme por conta de algumas críticas negativas que ele vem recebendo, ainda mais se você for fã de Johnny Depp ou Angelina Jolie, e se mais que isso, você for fã de cinema, do tipo que acha que todo filme é bem-vindo, por pior que ele seja, aí então você não poderá perdê-lo mesmo... terá ao menos duas horas de riso e diversão garantida.
Juliano Vieira

sábado, 5 de fevereiro de 2011

37. ed. Festival Cinesesc Melhores Filmes







Estão abertas as votações do público para a 37ª edição do Festival SESC Melhores Filmes. A partir de hoje, o internauta ajuda a escolher os filmes e artistas que se destacaram em 2010. Os longas-metragens mais votados farão parte da programação do Festival SESC Melhores Filmes, que chega à telona a partir de 5 de abril. E o melhor: o seu voto vale desconto de 50% no ingresso de qualquer título em cartaz no CineSESC.
A votação é dividida nas seguintes categorias: melhor filme, diretor, fotografia, atriz e ator nacional; e melhor filme, diretor, atriz e ator internacional. Cada participante pode votar uma vez e seu cupom de esconto será enviado para o e-mail informado pelo internauta.Qual história lhe emocinou no ano passado? Qual filme deixou saudade e merece bis? A escolha é sua.
Participe!


Como perceberam a mensagem acima foi copiada do site do cinesesc. E eis as escolhas que fiz.

MELHOR FILME NACIONAL - A SUPREMA FELICIDADE, de Arnaldo Jabor

MELHOR DIREÇÃO - ANA LUIZA AZEVEDO, por Antes que o mundo acabe

MELHOR ATOR - MARCO NANINI - A suprema Felicidade

MELHOR ATRIZ- ANA LUCIA TORRE - Reflexões de um liquidificador

FOTOGRAFIA - PEDRO FARKAS - O sol do meio dia.


Na votação nacional não houve surpresas, visto que já havia votado para esses mesmos artistas quando da ocasião da retrospectiva do cinema nacional 2010, em dezembro...


Quanto à votação internacional... Um dos melhores filmes que vi nos últimos anos foi o italiano Vincere, razão de ter escolhido o diretor Marco Belocchio, a atriz Giovanna Mezzagiorno e o ator Filipo Timi para figurarem no meu panteão cinematográfico de 2010.

Ah... Aconselho a todos vocês que votem, pois assim vocês poderão imprimir um cupom de desconto de 50% válido até o dia 28 de abril de 2011.

A mostra começa no dia 5 de abril de 2011.

Que venha mais filmes a brilhar diante de nossas retinas.

E o que é melhor... esse ano a mostra não será realizada apenas na capital paulista, mas acontecerá simultaneamente em outras quinze cidades do estado...
Juliano Vieira

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA



A peça DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA, ganhadora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor espetáculo do ano de 2010 continua em cartaz no CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil) até o dia 6 de fevereiro.

A peça chama a atenção não somente por ser a adaptação de um clássico homônimo do cinema, dirigido por Sidney Lumet, mas pelo excesso de personagens no palco. São 12 atores a interpretar os doze jurados que precisam dar uma sentença unânime para que um garoto acusado de matar o próprio pai seja levado à cadeira elétrica.

Interessante notar que todos os atores têm seus momentos de destaque, e nenhum deles tem acesso de estrelismo tão sintonizados estão com a trama, o que vale dizer que os intérpretes vestem tão bem a pele das personagens que o resultado é o de uma verdadeira orquestra sob a batuta do regente diretor Eduardo Tolentino de Araujo, do Grupo Tapa.

A direção é tão bem conduzida que a despeito do excessivo número de personagens em cena, a vista dos espectadores não se cansa, pois tudo no palco é bem distribuído e organizado, sem poluição visual, e o olhar do espectador sempre se voltará para as ações mais intensas dos personagens, e este olhar, às vezes, poderá desviar-se do foco para reparar em outras pequenas reações ou momentos de outros personagens.

Doze homens e uma sentença é uma peça que prima pela palavra, é um exercício de argumentação, persuasão, convencimento do outro, já que doze jurados estão trancados numa sala para decidir o destino de um jovem que deverá ser condenado à morte. O exercício de retórica começa justamente quando um dos jurados, o jurado n.8 (eles não apresentam nomes, são apenas números e descobrimos suas posições sociais à medida que a peça vai avançando) diz ser contrário à pena de morte por não ter certeza da culpa do garoto, ou na linguagem empregada por ele, uma dúvida razoável da culpabilidade, sendo assim, não poderá mandar ninguém à morte.

A partir daí, as palavras e as posições sociais de quem as proferem terão um peso enorme no veredicto final. O primeiro a mudar de opinião sobre o veredicto é o jurado n.9, vivido por José Renato, o ator mais velho em cena, o que corrobora para dar credibilidade ao jurado n.8, interpretado de forma magistral por Norival Rizzo. Genézio de Barros, como jurado n.3 e Riba Carlovich como jurado n.10 são os mais reticentes em relação à inocência do garoto e a todo instante apresentam um tom exaltado, raivoso. E ao final do espetáculo descobrimos porque o jurado n.3 se revela o principal antagonista do jurado n.8.

Os jurados 7 e 12 pouco se importam com o destino do garoto, o primeiro só quer que todos concordem logo na inocência ou culpabilidade porque quer logo ir embora dali para assistir a um jogo de baseball, ao passo que o segundo vê na ocasião uma possibilidade de fazer marketing para vender seus produtos.

Nesse embate de palavras entre pessoas das mais diferentes formações, idades e classes sociais é o exercício de plena democracia que predomina, visto que a palavra é dada a todos, e todos têm a chance de expor e manifestar seus pontos-de-vista e persuadir seus semelhantes acerca de suas verdades.

Completam elenco Brian Penido Ross – jurado 1; Ricardo Dantas – jurado 2; Oswaldo Mendes – jurado 4; Augusto César – jurado 5; Marcelo Pacífico – jurado 6; André Garolli – jurado 7; Eduardo Semerjian – jurado 11; Ivo Muller – jurado 12 e Fernando Medeiros – oficial.

Juliano Vieira

COMO TREINAR O SEU DRAGÃO





Nos últimos anos a qualidade dos filmes de animação vem aumentando progressivamente, e isso pode se verificar tanto nos enredos quanto nos efeitos especiais, sobretudo em suas versões 3D.

Tal evolução não passou incólume diante dos olhares dos críticos da Academia Cinematográfica de Hollywood, que no ano de 2010 indicaram a animação UP – ALTAS AVENTURAS à categoria principal de melhor filme, ao lado de Avatar, de James Cameron e Guerra ao Terror, sendo que este último acabou por levar a estatueta.

No entanto, ser indicado ao mesmo tempo para melhor longa de animação e melhor filme (caso de UP- ALTAS AVENTURAS em 2010 e TOY STORY 3 em 2011) é, enfim, reconhecer os méritos e a grandeza de quem faz este espetáculo para as crianças sem se esquecer dos adultos que as levam para o cinema.

Como treinar o seu dragão, que fez um relativo sucesso em nossas salas de exibição, também comparecerá à cerimônia do Oscar 2011 na categoria de melhor longa de animação, embora com mínimas chances de vencer, visto que o seu concorrente direto é Toy Story 3, indicado também a melhor filme... Não obstante, a animação O MÁGICO, do mesmo diretor de As bicicletas de Belleville pode surpreender e tirar a estatueta dos dois desenhos favoritos.

Como treinar o seu dragão narra uma história que se passa na pacata ilha de Berk onde seus habitantes vikings sofrem com a perturbação da paz quando são atacados por dragões, o que faz com que eles se tornem exímios matadores de dragões para garantir à sobrevivência.

Dentro desse contexto viking se destacará o garoto Soluço, com toda sua sensibilidade e fragilidade a contrastar com todos os outros habitantes da ilha, que se revela não ser um matador de dragão para decepção de seu pai, Stóico, chefe da população viking e homem mais forte da Ilha de Berk.

Como se não bastasse, num dos ataques de dragões à ilha, tentando mostrar o seu valor como viking, Soluço acerta um Fúria da Noite, dragão temido a tal ponto que sequer figura no catálogo de classificação de dragões. Ao ir ao encontro do dragão atingido, Soluço principia uma amizade sem precedentes na história entre homens e dragões e que acarretará no destino e mudança de toda uma cultura da civilização viking e sua convivência com os cuspidores de fogo.

É importante destacar que embora pareça um desenho feito para meninos, as meninas também poderão se identificar com a história, já que a personagem Astrid parece ter sido criada para que um romance em potencial se instale entre ela e o protagonista e para que no fim ambos superem as desavenças e fiquem juntos a viver seu amor juvenil em toda plenitude.

Por fim, Como treinar o seu dragão é um desenho que reflete perdas e ganhos, pois se Soluço consegue modificar o pensamento e a cultura do seu povo, por outro lado, tal sucesso resultou na mutilação de uma de suas pernas em batalha. Batalha esta que não apenas deve ter servido como ritual de uma mudança cultural para outra, mas também como rito de passagem do menino ao homem e seu amadurecimento.

JULIANO VIEIRA

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DESENROLA






De uns tempos para cá, o cinema nacional tem retratado em suas temáticas o universo dos adolescentes e três filmes soam emblemáticos nesta nova fase: Os excelentes As melhores coisas do mundo, Antes que o mundo acabe e Os famosos e os duendes da Morte.
O filme Desenrola, de Rosane Svartman, que tinha tudo para seguir o mesmo caminho de êxito dos três filmes anteriormente citados, acaba por patinar em seu fraco enredo e mais se enrola durante uma hora e meia de projeção do que desenrola de fato.
Não que as atuações do elenco sejam ruins, pelo contrário, cada adolescente escalado para o filme defende com muita graça e propriedade suas personagens, e muitos deles podem se tornar bons atores com um pouco mais de estudo, caso da protagonista Olivia Torres.
Desenrola é a história de Priscila, uma adolescente de 16 anos que quer aproveitar a viagem da mãe (Cláudia Ohana) para perder a virgindade. E ela faz de tudo para conseguir seu intento, até que por fim consegue e percebe que sua pressa não era necessária, pois ao mesmo tempo que perdeu a virgindade e deixa de se sentir uma estranha perante às outras meninas, se dá conta de que fez com a pessoa errada (Kayky Brito) e se arrepende e não terá mais chance de mudar o ocorrido.
A linguagem juvenil é apropriada para o filme, já que o seu público-alvo é este, no entanto, o enredo extremamente banal e superficial, de uma menina que quer a todo custo perder sua virgindade parece ser uma apologia para que as garotas iniciem suas relações sexuais cada vez mais cedo, mesmo que não exista nenhum tipo de sentimento pela pessoa que ela escolha para desvirginá-la.
Muitos outros temas são tratados de forma rasa, como a iniciação sexual masculina, a gravidez na adolescência, a exposição da intimidade na web etc...
Os adolescentes poderão gostar muito do filme, já que seu universo é abordado de forma bem realística (por mais que piadas sem graça apareçam no decorrer do filme). Além disso, agora as meninas poderão dizer às suas mães que elas já tiveram 16 anos e que também já foram jovens para que possam justificar uma sexualidade precoce. (ou induzida pelo turbilhão de imagens erotizadas a que somos expostos no dia a dia).
Mas uma pergunta fica no ar... Por mais que os jovens pensem com frequência na primeira vez, será que eles também não pensam em outros assuntos pertinentes à sua faixa etária? O filme dá a entender que eles pensam em sexo o tempo todo, sem aberturas para outras vivências, e partindo desse pressuposto, o filme poderá desagradar aos adultos que já passaram por esta fase e já viveram todos esses dilemas.
Reflexão número 2: Será que o filme conseguiu com sua mensagem quebrar o tabu da virgindade entre as jovens? Ou este tabu já foi quebrado há muito tempo e o filme é apenas uma banalização do sexo?
Em tempo... O papel de Juliana Paes como a tia de Alfenas - MG está completamente deslocado no contexto do filme... e Pedro Bial é um professor passando um trabalho? Ou é Pedro Bial passando instruções para uma nova prova do líder do Big Brother Brasil?
Juliano Vieira

Almas à venda



Confesso que nunca gostei do ator Paul Giamatti, desde que vi um de seus filmes A dama na água, de M. Night Shiamalan. Todavia, a interpretação que ele faz dele mesmo no filme Almas à venda merece reconsideração de minha parte sobre sua maneira de atuar.


Paul Giamatti é um ator sóbrio, sem excessos e talvez por isso desagrade a muitos, inclusive a mim, pois estamos acostumados a pensar que as boas atuações se fazem a partir de expressões faciais exageradas, como se os atores dissessem: - Olha como trabalho bem fazendo cara de coitado, olha como trabalho bem fazendo cara de tapado... etc...

Atuar é saber dosar as expressões de acordo com cada sentimento que a personagem vivencia.
Mas falemos do filme em que Paul Giamatti surpreende.

Almas à venda é um filme que tem um enredo para lá de absurdo, pois aborda o tráfico de almas. Isso mesmo... Vocês leram bem... Tráfico de almas.

Paul Giamatti está angustiado e completamente acabado, cansado de tudo e não consegue dar vida ao personagem Tio Vânia, da peça homônima de Anton Tchecov. Em virtude de tanta angústia, ele procura uma clínica cuja especialidade é fazer a extração de almas para que seus pacientes não sintam tanto o peso delas e possam levar uma vida feliz e sem culpa. No entanto, algo sai errado Paul estranha que a sua alma tenha o formato de um grão de bico.

Além disso, a extração da alma de Paul em nada aliviou os seus problemas pessoais e profissionais, pelo contrário, fez com que aumentassem.

Então, para melhor interpretar Tio Vânia, Paul retorna à clínica de extração de alma, que também oferece um serviço de aluguel de almas e aluga a alma de um poeta russo. Cansado também da alma do poeta russo, Paul quer recuperar sua alma e descobre que a alma foi levada embora para Rússia por uma mulher chamada Nina, que trabalha para uma organização criminosa daquele país traficando almas de todos os tipos de pessoas. A mulher do patrão de Nina, uma linda mulher aspirante a atriz e sem nenhum talento para interpretação é quem pede a alma de um ator americano para que possa ter uma presença mais marcante em suas atuações para novelas locais. Paul se alia então à Nina para que possa retomar sua alma, já que não se conforma que ela foi tomada “emprestada” para que vá viver no corpo de uma atriz que se dedica à novelas.

O filme não é de difícil de digestão, mas uma mínima desviada de atenção pode fazer com que se perca o fio do entendimento, até mesmo porque há momentos em que não sabemos se Paul está enredado num mundo de sonhos em busca de sua alma ou se ele está vivenciando todos os eventos de forma bem real.

Um filme de fato diferente, inteligente e com boa condução de Sophie Barthes e Andrij Parekh. Além de Paul Giamatti, o elenco conta com a participação de David Strathairn, Dina Korzun e Emily Watson.


Juliano Vieira

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

AS FLORES DA ILHA




O curta metragem Ilha das Flores, do diretor gaúcho Jorge Furtado, é um verdadeiro exercício de reflexão sobre o círculo vicioso do sistema capitalista, sobretudo daquele que se convencionou chamar de Capitalismo Selvagem.


O filme, que se pauta por sutis denúncias da monstruosidade desse sistema, que chega ao absurdo de colocar seres humanos em último lugar na escala de prioridades, simplesmente por eles não darem lucros pelo fato de não serem propriedade privada de ninguém, retrata de forma exemplar a animalização das pessoas.

A narração emblemática de Paulo José permite-nos captar as ironias que vão sucessivamente desfilando pelas imagens e a refletir sobre o contraste de como um lugar chamado Ilha das Flores pode ser o oposto daquilo que seu nome sugere.

Em Ilha das Flores, um dos aspectos que mais chamam a atenção é a repetição de que o ser humano tem o teleencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor, o que lhe propicia a capacidade de raciocínio, embora nem sempre o ser humano use a seu favor... a depender do ponto de vista.

É lícito ainda questionar ao término da projeção do curta-metragem, se as flores da ilha não são os porcos que, bem alimentados, serão abatidos e vendidos para fazer girar o ciclo do capital e retornar na forma de lucro para seus donos.

O filme, em si, é tão bem construído em todas as escolhas, que até a trilha sonora, baseada em O guarani, de Carlos Gomes, ajuda a construir o sentido, ainda mais quando lembramos que esse trecho da ópera se popularizou no programa A voz do Brasil, e aí reside, talvez, a mais fina das ironias, pois, justamente, os moradores da Ilha das Flores não tem voz, nem vez...

Juliano Vieira

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma introdução à História do Comando Vermelho












Você sabe como se iniciou o Comando Vermelho?

A conhecida facção Comando Vermelho nasceu no fim dos anos 1970 em meio ao regime político do militarismo.

Várias gangues controlavam os presos do Instituto Cândido Mendes, a Falange Zona Sul, a Falange do Coréia, mas uma delas se destacava, a Falange Jacaré. Suas lideranças vinham do bairro Jacarezinho e outros bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Responsável por grande parte das mortes da cadeia, a Falange Jacaré praticava violência sexual com rotina e estava sempre pronta para exigir os alimentos trazidos pelas famílias para os detentos.

Entre 1978 e 1979, uma nova falange aparece com força total e ideais diferentes, a Falange Vermelha, que dizia defender a paz na cadeia e o bem-estar coletivo, tornando-se o nacionalmente conhecido Comando Vermelho.

A organização criminosa, que hoje representa uma das principais ameaças à Segurança Pública Nacional, teve sua origem provocada pela própria Lei de Segurança Nacional.

Pela nova redação da Lei os dois grupos: assaltantes comuns de bancos e militantes políticos teriam o mesmo tratamento, o julgamento por tribunais militares e o confinamento em presídios comuns. O objetivo era desqualificar qualquer pretensão dos presos políticos em obter o seu reconhecimento como um grupo diferenciado.

Os presos políticos logo se organizaram para tornar a vida na prisão menos dura, a coletividade era mais importante que o individual e com este pensamento tornaram-se fortes, passando a negociar com a direção do presídio.

O uso de tóxicos e o jogo eram proibidos, ordens que também eram acatadas pelos presos comuns, que eram minoria.

O roubo de um relógio de um preso político por um detento comum acabou afastando os dois grupos. Os subversivos deram uma surra no ladrão e aproveitaram para pedir à direção do presídio o isolamento dos presos comuns e adquirir o estatuto de grupo diferenciado.

A direção do presídio acatou e logo muros foram construídos na galeria para separar os presos políticos dos demais “Lei de Segurança”.

Em 1975 e 1976 os presos políticos foram transferidos para unidades do Rio de Janeiro para ficarem mais perto de suas famílias.

Os presos comuns continuaram no isolamento e aprenderam com os presos políticos a reivindicarem seus direitos. O Falange Vermelho, grupo formado por presos comuns, logo entrou em conflito com o Falange Jacaré, que foi praticamente aniquilado em 1979.

O Falange Vermelha estava longe de ser movido apenas por ideais altruístas, o dinheiro arrecadado pelos presos beneficiava mais os líderes, principalmente no que diz respeito às fugas. Os negócios ilícitos da cadeia, as drogas e o jogo já não eram proibidos e financiavam a facção, tornando-os uma força ditatorial. Os opositores do Falange Vermelha eram inimigos chamados “alemão”.

Confrontos aconteceram com outras facções dentro e fora do presídio fortalecendo ainda mais o Falange Vermelha.

A violência se alastrou pelas demais cadeias, vários presos morriam em nome de um comando geral por parte das facções.

Após várias mortes e acontecimentos que já fugiam ao controle da direção de vários presídios finalmente chegaram à conclusão de que os mandantes do Falange Vermelha deveriam ser exilados e assim veio a decisão de confinar a liderança do Falange Vermelha na Ilha Grande, no entanto, um acontecimento precipitou a decisão.

Na madrugada do dia 8 de novembro, de 1983, os falangistas, que estavam abrigados no presídio Milton Dias Moreira, organizaram a tentativa de fuga. Frustrada em parte a tentativa de fuga levou no dia seguinte, 10 de novembro, de 1983, 36 presos para a Ilha Grande.

Com o objetivo de ser simplista, resumi apenas uma parte da história do Comando Vermelho, facção criminosa que ainda lidera no Rio de Janeiro o tráfico de drogas e outros ilícitos penais.

Quem tiver maior interesse na história desse grupo poderá ler a obra de Julita Lemgruber e Anabela Paiva, A dona das chaves: Uma mulher no comando das prisões do Rio de Janeiro. E para aqueles que amam a sétima arte, o filme 400 contra 1: Uma história do crime organizado, de Caco Souza, com Daniel de Oliveira encabeçando o elenco. E não parando por aí o livro de William da Silva Lima, um dos fundadores da organização criminosa, Quatrocentos contra um, uma história do Comando Vermelho.

Julita Braga.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

De pernas pro ar.


DE PERNAS PRO AR.

Quem ainda não viu que corra logo, então, para ver o novo fenômeno de bilheteria do cinema nacional: De pernas pro ar, de Roberto Santucci, que traz no elenco as atrizes Ingrid Guimarães e Maria Paula como protagonistas, secundadas por Bruno Garcia, Antônio Pedro e Denise Weinberg.

Com um enredo para lá de simples, o filme conta a história de Alice (Ingrid Guimarães), uma empresária especialista em marketing viciada em trabalho e que, por conta desse vício, vai pouco a pouco entrando em crise com o marido (Bruno Garcia).

Após uma malfadada apresentação de uma nova estratégia de marketing para a venda de brinquedos, Alice perde o emprego e resolve culpar sua vizinha de apartamento, Marcela (Maria Paula), pois descobre ser ela a dona da caixa de produtos eróticos (trocada por engano) que minou a sua explanação diante de potenciais clientes.

Depois de algumas pequenas rusgas entre as duas vizinhas de apartamento, Alice repensa sua vida e resolve pedir desculpas à Marcela, nascendo daí não apenas uma grande amizade, mas também um grande empreendimento em sociedade batizado de Sexdelícia... E logo as vendas dos produtos da sex shop passam a fazer sucesso em todo o Brasil.

Embora o tema principal do filme seja a busca do prazer através do consumo de produtos eróticos, ou seja, a carga de apelo sexual é muito forte, é importante notar que em momento algum do filme há cenas de nudez ou cenas de sexo, e a única cena desse gênero (se podemos assim chamar) acontece de forma sugerida com rangidos de cama balançando.

Outra prova de que o apelo sexual do filme ao mesmo tempo em que quer se escancarar parece também querer se conter é a cena em que Alice é levada pela primeira vez a um sex shop para escolher um “brinquedinho” para que possa ter um orgasmo de verdade, já que até aquele momento ela não tinha experimentado tal prazer sexual, a ponto de descrevê-lo toda inibida como uma descida de montanha-russa. E a leveza da situação é que a nossa heroína escolhe um coelhinho no lugar dos inúmeros vibradores que tem à sua disposição, configurando toda a carência da personagem, talvez muito mais afetiva do que sexual.


Com uma atuação memorável de Ingrid Guimarães (mesmo que exagerada em algumas circunstâncias nas caras e bocas), o que de certa forma traz toda a energia do filme e sua graça, De pernas pro ar também pode funcionar como uma ótima terapia da gargalhada, pois rimos sem cessar das situações estapafúrdias em que a protagonista se envolve, assim como também pode prestar um grande serviço a muitos casais que queiram apimentar suas relações com jogos e brincadeiras usando produtos eróticos de uma sex shop. Seja qual for o caso, vale o preço do ingresso.

Juliano Vieira




terça-feira, 18 de janeiro de 2011

King Chicken


Antes da primeira sessão cinematográfica do ano... (fui ver o fenômeno De pernas pro ar no cinema do Shopping Metrô Itaquera)... Um pulinho para abastecer o estômago no delicioso King Chicken. Delicioso? Ô gente... Será que vocês não perceberam que é ironia. O lugar teve a desfaçatez de colocar até ovo frito no meio do hambúrguer... e nem era X-egg. Mas da próxima vez já sabemos... Vamos no concorrente. Bebelu... Alguém já ouviu falar? Pois corram, na compra de um lanche vocês poderão ganhar uma linda coleção das bonequinhas das meninas superpoderosas...


É por isso que eu digo... é sempre melhor enfrentar as duas horas de fila do McDonalds...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O GOLPISTA DO ANO: Drama ou comédia?





O filme I Love you Philip Morris, traduzido aqui no Brasil para O golpista do ano, talvez possa ser considerado a película mais polêmica que estreou no ano passado no que concerne ao cinema de entretenimento.

Sob direção de Glen Ficararra e John Requa, o filme conta a história de Steven Russel, interpretado por Jim Carrey e seus inúmeros crimes de estelionato, ou popularmente falando, golpes que ele pratica para levar uma vida confortável e plena de luxos. Daí talvez decorra o fato de o título em português ser O golpista do ano.

Steven Russel é um cidadão exemplar, casado, tem uma filha e trabalha para como policial no estado norte-americano do Texas. Nem bem passa vinte minutos de projeção e descobrimos que Steven apenas se tornou policial para tentar localizar o paradeiro de sua verdadeira mãe que o entregou à adoção quando ele ainda era uma criança.

Ao descobrir o paradeiro de sua mãe biológica e ir ao encontro dela, Steven é novamente rejeitado. Sai então em disparada com o carro e sofre um grave acidente que mudará o rumo de sua vida. A partir desse momento, em pequenos flashes-backs, temos a revelação de que Steven é gay e que toda sua vida até ali fora uma mentira.

Após se recuperar do trauma do acidente, Steven resolve assumir quase que publicamente sua nova condição e para isso se separa da mulher e assume que agora quer ser feliz para que possa viver a sua verdadeira vida... a de homossexual.

Mas não é bem isso o que acontece. Para arcar com os altos-custos que a vida de gay ocasiona, Steven passa a aplicar pequenos golpes que o levarão à prisão. Lá, ele conhece Philip Morris, interpretado por Ewan McGregor, e uma paixão avassaladora se instaura entre os dois.

Steven sai da prisão e continua dando golpes. Dessa vez, assume até mesmo a identidade de um falso advogado para libertar Philip do cárcere e assim poderem viver juntos. Quando finalmente consegue a liberdade de Philip, Steven passa a trabalhar numa empresa multinacional como diretor financeiro. E como podemos já supor, não demora muito para que comece a desviar o dinheiro para uma conta-corrente particular. O problema é que a tal conta particular foi aberta em nome de Philip Morris sem que este soubesse, e assim não tarda para que os dois acabam novamente retornem para trás das grades.

O interessante de todo este enredo é que, por mais absurdo que pareça ser, é uma história baseada em fatos reais, e talvez em virtude disso é que muitas das polêmicas tenham sido gestadas.

Muitos a que assistiram ao filme pode ser que não tenham gostado devido ao fato de ser baseado em uma história real dramática e o filme assumir claramente feições de comédia escrachada com tons extremamente caricatos do homossexualismo masculino.

Como o filme trata de uma questão ainda tabu em nossa sociedade, por mais que as pessoas digam não serem preconceituosas, elas ainda não estão habituadas a uma temática tão delicada e muito menos preparadas para ver na tela uma cena de sexo entre dois homens ou até mesmo ver os inúmeros beijos gays trocados entre Jim Carrey e Ewan McGregor ao longo do filme. E nem precisa ser homofóbico para sair da sala de cinema ao se deparar com cenas como as descritas. Basta ter apego à tradição.

No entanto, vale ressaltar que por mais que haja tons de caricatura e deboche em relação aos homossexuais, a direção do filme é segura e a dupla de atores protagonista bem corajosa ao aceitar interpretar os seus respectivos papéis, o que fazem, aliás, com muita competência.

Ewan McGregor está mais contido em sua composição de gay e, ao mesmo tempo, muito mais afetado e delicado. Já Jim Carrey, apesar de ser um grande ator, como sempre exagera em suas caras e bocas, mas não compromete, e dá até uma leveza num tema considerado para lá de árduo. Também é digna de nota a participação do ator brasileiro Rodrigo Santoro, que apesar de fazer um pequeno papel, é importante para o desenrolar da trama.

Podemos então dizer que o filme retrata um drama pessoal, mas com matizes coloridos, e queira sensibilizar as pessoas não através do choro, das lágrimas, mas sim através do riso, da gargalhada, da alegria.

E quem quiser descobrir o que de fato aconteceu com o verdadeiro Steven Russel... Corra à locadora mais próxima.

Juliano Vieira

domingo, 16 de janeiro de 2011

A agenda.


Nunca fui muito fã de utilizar agendas porque eu não tenho paciência para consultá-las, nem mesmo para ficar descrevendo nelas os meus compromissos do dia a dia. Contudo, no final do ano passado, ganhei uma pequena agenda, daquelas bem simples, produzida pelo Curso Objetivo.

Como muitas agendas por aí, ela informa os dias comemorativos, como por exemplo, hoje 16 de janeiro é o dia do cortador de cana de açúcar. Será que alguém sabia disso? Será que os cortadores de cana de açúcar não poderiam requerer uma folga para comemorar o seu dia?

Outra coisa interessante, e isto eu suponho que também deva existir na maioria das agendas em circulação pelo país, é a frase de reflexão para cada dia do ano... a de hoje é a seguinte: SINTONIZEM O AMOR QUE TEM DENTRO DE VOCÊS, É A ENERGIA MAIS FORTE QUE EXISTE.


E para mim, o fato de haver essas frases reflexivas diárias vai me ajudar muito, pois como professor, costumo colocar frases na lousa no início de cada aula. Muitas delas servem como epígrafe para o assunto que será abordado, e a maioria delas são frases literárias pinçadas de grandes autores, e como sempre é bom diversificar, frases da agenda (muitas consideradas de autoajuda) também podem colaborar nessa diversidade.
Enfim... decidi que esse ano eu usarei a agenda... não só para pegar as tais frases mas também para organizar meus compromissos, pois em relação a eles, eu sou muito dispersivo, nunca sei o que tenho que fazer, a ordem das prioridades e fazendo dela uso esse ano, poderei melhor me controlar.


Agenda 2011 - aí vou eu...


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

defesa de monografia.






















Depois de anos de luta e muito sacrifício, a minha esposa Julita, finalmente, defendeu a sua monografia na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Apesar de todo o nervosismo que este tipo de situação envolve, ela conseguiu tirar de letra (mesmo que durante os ensaios ou durante o processo de escrita do trabalho não tenha achado isso).

A sua monografia versou sobre o seguinte tema 'mulheres no sistema prisional', e foi intitulada A ABORDAGEM DA MULHER NO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO DIANTE DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL - LEI N.7210 DE 11 DE JULHO DE 1984 e teve orientação do Prof. Dr. Tailson Pires Costa. A monografia obteve a média 9,0.

A banca examinadora foi composta pela prof. mestranda em direito penal, Cláudia Cruz, formada pela própria Faculdade de Direito de São Bernardo e pela Prof. Dra. Carmela Dell Isola, com quem minha esposa disse ter tido a honra de ser sua aluna na disciplina Teoria Geral do Processo.

As perguntas formuladas pela banca foram muito bem respondidas e debatidas por minha esposa, principalmente aquelas feitas pela professora Cláudia Cruz, e ao meu modo de entender, tenho para mim que sua nota quase máxima foi muito mais devido à segurança de suas respostas do que propriamente pela exposição oral inicial.

Após a deliberação dos componentes da banca e o consequente anúncio da média final, minha esposa não cabia em si de emoção, afinal, foram muitos percalços para que ela chegasse até aquele momento.

E como não poderia deixar de ser, toda aprovação merece uma comemoração. Combinamos então de ir a uma churrascaria, mas o preço do rodízio estava 40,00 reais por pessoa. ( o bolso anda curto) e trocamos então por um rodízio de pizza (muito mais em conta) conforme vocês podem observar nas fotos que ilustram esse texto.

Minha esposa tem agora inúmeros projetos e nem ela mesma sabe por onde começar. Prestar o exame da OAB, concursos públicos, concursos de monografias promovidos pela OAB-SP e graças ao seu total empenho ela pode agora de fato planejar mil coisas dentro de sua área profissional, já que agora é uma bacharel, ou poderia dizer Dra. Julita?.

Como é modesta, ela diz que não chegaria até aqui se não fosse a colaboração e o apoio de inúmeras pessoas. (mas eu gosto de contrariá-la) E por isso eu digo que o mérito é todo dela, já que foi ela quem estava lá sob o olhar de três inquisidores sendo avaliada e tendo que se virar nos 15.( tempo máximo de apresentação).

Parabéns Julita... por mais esta vitória alcançada em sua vida... Demorou, mas veio com louvor coroar sua dedicação.

Juliano
12.01.2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cebola jovem edição especial


Galera, fiz ontem a leitura desta edição especial e mais tarde vou escrever um pouco sobre o que achei desta obra comemorativa para compartilhar com vocês um pouco a minha decepção... Sim, decepção... e olha que é muito difícil eu me decepcionar com algum produto que saia dos estúdios Mauricio de Sousa, mas enfim, nada é cem por cento sempre.



14h. dia 11.01.2011








Conforme prometido, aqui estou eu para fazer a análise desta edição comemorativa Cebola Jovem Especial ed.1.


É inegável que os cinquenta anos da criação do Cebolinha merecia uma edição especial até mesmo com a publicação de sua versão jovem em estilo mangá (mesmo que em formato colorido, que agrada muito às crianças), no entanto, a história criada para a ocasião, O grande prêmio, a meu modo de ver, é que deixou a desejar. E começo a relatar alguns pontos dentro do enredo em si.

Primeiro... acho que a maioria dos fãs já devem estar saturados com sagas espaciais em que a turminha tem que salvar o universo ou o Planeta Terra de uma destruição maligna ou de evitar que os humanos se tornem escravos dos alienígenas.

Segundo, os lugares-comuns têm se tornado uma constante, e por conta disso, não há mais surpresas na leitura...Basta verificar o que acontece com o personagem Xaveco, que tinha tudo para ganhar a corrida disputada no vídeo-game virtual e que por um acesso de "burrice" ou "ingenuidade" acaba sendo derrotado. (característica já consagrada do personagem, aquele que só se dá mal, seja lá qual forem as circunstâncias).

Terceiro, a história se revela muito óbvia em sua narrativa... logo na primeira aparição, já dá para perceber que a personagem Alandria faz o tipo "femme fatale" de filmes "noirs" e que ela acabaria sendo desmascarada como a vilã da história. Até mesmo o seu nome aponta para esse desfecho, pois Alandria é praticamente um anagrama da palavra "malandra", e a personagem para se dar bem na corrida na qual o Cebolinha é obrigado a disputar usa de diversos artifícios para convencê-lo de que o corredor Xeno é o grande bandido da prova espacial, ou seja, uma verdadeira malandra.

Quarto... talvez por esta edição contar com apenas 90 páginas além das 120 habituais utilizadas no Turma da Mônica Jovem mangá, edições seriadas, algumas situações ficaram muito mal resolvidas, como por exemplo, o corredor Xeno ter umia fisionomia idêntica à do Xaveco. Poder-se-ia esmiúçar outros pontos que a história apresenta falhas, mas aí já seria procurar pelo em ovo...e quem gosta de ler os gibis apenas para se divertir pouco se importa com pequenas falhas narrativas, porque o que vale de fato são as boas gargalhadas.

E, mais do que qualquer falha, o que importa é terem criado essa edição comemorativa para o deleite dos amantes da turma da Mônica, e principalmente para os fãs do Cebolinha.


0:50 12.01.2011
Juliano

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Experiência de Leitura de História em Quadrinhos


Muitos ainda dizem que a leitura de histórias em quadrinhos afasta as crianças da literatura canônica, dos bons livros, dos clássicos consagrados, enfim, apresentam um discurso completamente apocalíptico sobre o fato de os jovens não se interessarem mais por leitura e muitas vezes culpam as histórias em quadrinhos que esses jovens liam quando crianças.

Felizmente, esse discurso equivocado embora ainda existente tem diminuído bastante, e o preconceito outrora sofrido pelas HQ's já não é tão impactante assim. Basta olhar e ver as inúmeras dissertações e teses que vêm sendo feitas sobre sua linguagem no meio acadêmico, que era o meio por excelência desse discurso preconceituoso que se fazia expandir na sociedade.

Como não pretendo escrever um artigo científico sobre leitura de histórias em quadrinhos e sim compartilhar a minha experiência de leitura em relação a esse gênero não me estenderei mais no aspecto histórico que fundamentou e ainda fundamenta (em alguns casos) essa difamação que os quadrinhos sofrem por total desconhecimento das pessoas em relação à linguagem empregada por eles. (quadrinhos).

Aprendi a ler por volta de cinco ou seis anos de idade, e é inegável que os quadrinhos contribuíram para que eu me tornasse o bom leitor que hoje sou. Lembro-me muito bem dos inúmeros gibis da Turma da Mônica que minha mãe comprava para mim, além de comprar gibis do Recruta Zero para que eu tomasse gosto pela leitura... e de fato tomei, e hoje tenho um carinho especial, especialmente pelo gibis da turminha criada pelo Mauricio de Sousa e mesmo depois de adulto, continuo comprando e fazendo uma imensa coleção, inclusive com todas as edições especiais lançadas para que meu filho um dia possa usufruir desse mesmo prazer que eu sinto ao realizar estas leituras.

Claro que com a maturidade adquirida pelo tempo, passei a ler outros tipos de quadrinhos, como por exemplo, as graphic novels produzidas por Frank Miller, Will Eisner e Alan Moore, só para citar três nomes dos mais importantes da área, mas sem nunca abandonar aqueles que me formaram como leitor... Não tenho vergonha (como acho que muitos devem ter) de confessar que leio gibis da Mônica ou lê-los em lugares públicos. Além de aprendizagem, é uma ótima fonte de entretenimento, e todas as crianças deveriam tomar contato (se não podem comprar devido ao elevado preço de capa, que pelo menos possam ler nas bibliotecas das escolas onde estudam).

Enfim, minha experiência leitora, como puderam perceber, passa pelas revistinhas da Turma da Mônica na década de 80, que eu considero o auge das historinhas produzidas pelos estúdios MSP, mas a minha sorte é maior ainda porque se peguei o auge na década de 80 também particpei ativamente das leituras das revistinhas produzidas na década de 90 e nos primeiros anos do século XXI, sem contar que a produção da década de 60 e 70 que não conheci por não ser nascido, estou tendo a honra (assim como outros leitores assíduos) de conhecer devido ao lançamento das caixas históricas e diversos lançamentos especiais promovidos pela Editora Panini que promoveu um dos maiores sucessos editoriais do mercado de quadrinhos no Brasil nos últimos anos... A turma da Mônica Jovem.

Que a turminha então possa ainda existir por muito tempo e alegrar a vida de muitas outras crianças despertando o interesse delas para outros tipos de leituras assim como aconteceu comigo.

E para encerrar, a prova de que o discurso apocalíptico sobre o caráter destrutivo dos quadrinhos é completamente uma balela... basta ouvir as declarações dadas pelo ganhador na categoria poema das Olimpíadas de língua portuguesa no ano de 2010...( o menino Fábio Henrique Silva Anjos) que seu gosto pela leitura vem...
dos quadrinhos. *

*Conforme se lê no blog dos quadrinhos.

Juliano

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Retrospectiva do Cinema Nacional - melhores de 2005 (minhas escolhas)

Bom, como comecei a frequentar a Retrospectiva do Cinema Nacional apenas em 2005, neste post encerrarei meu exercício crítico de premiação particular das principais categorias artísticas daquele ano no cinema brasileiro.

MELHOR FILME: Cidade Baixa, de Sérgio Machado

MELHOR DOCUMENTÁRIO: Vinicius, de Miguel Faria Jr.

MELHOR ATOR: Lázaro Ramos por Meu tio matou um cara e Cidade Baixa.

MELHOR ATRIZ: Fernanda Torres por Casa de Areia

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Jonas Bloch por Cabra-cega

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Maria Flor por Quase dois Irmãos

MELHOR DIRETOR: Sérgio Machado por Cidade Baixa

Não percam a retrospectiva do cinema nacional em dezembro de 2011.

Juliano

Retrospectiva do Cinema Nacional - melhores de 2006 (minhas escolhas)

MELHOR FILME: Tapete Vermelho, de Luiz Alberto Pereira.

MELHOR DOCUMENTÁRIO: Estamira, de Marcos Prado

MELHOR ATOR: Matheus Nachtergaele por Tapete Vermelho.

MELHOR ATRIZ: Patricia Pilar por Zuzu Angel

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Antônio Calloni por Anjos do Sol

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Darlene Glória por Anjos do Sol

MELHOR DIRETOR: Cacá Diegues por O maior amor do mundo

Retrospectiva do Cinema Nacional - melhores de 2007 (minhas escolhas)

MELHOR FILME: Cão sem Dono, de Beto Brant e Renato Ciasca.

MELHOR DOCUMENTÁRIO: Fabricando Tom Zé, de Décio Matos Jr.

MELHOR ATOR: Júlio Andrade por Cão sem Dono

MELHOR ATRIZ: Leandra Leal por Nome Próprio

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Cássio Gabus Mendes por Batismo de Sangue

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Maria Luisa Mendonça por Querô.

MELHOR DIRETOR: Beto Brant por Cão sem Dono

Retrospectiva do Cinema Nacional - melhores de 2008 (minhas escolhas)

MELHOR FILME: Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas

MELHOR DOCUMENTÁRIO: Panair do Brasil, de Marco Altberg

MELHOR ATOR: João Miguel por Estômago

MELHOR ATRIZ: Cláudia Abreu por Os Desafinados.

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Babu Santana por Estômago

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Maria Clara Gueiros por Sexo com Amor

MELHOR DIRETOR: Walter Salles e Daniela Thomas por Linha de Passe

MENÇÃO HONROSA: Valsa para Bruno Stein, direção de Paulo Nascimento. Com Walmor Chagas, Ingra Liberato...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Despedida do Cine Belas Artes



Ao abrir o site do uol hoje para ler as notícias do dia, deparei-me com uma triste notícia... Depois de uma longa novela que vinha se arrastando desde o ano passado, o Cine Belas Artes, em funcionamento desde 1943, vai fechar as portas.





O Cine Belas Artes vinha sofrendo com ameaça de fechamento desde março de 2010, quando o HSBC pôs fim ao patrocínio. O proprietário André Sturm, para que o cinema não encerrasse suas atividades, procurou novas empresas para estabelecer parceria e até conseguiu um novo apoio, comprometendo-se a pagar 65 mil reais de aluguel, segundo o que se pode ler no caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo. Mas, infelizmente o proprietário do imóvel, Flávio Maluf, o quer de volta para nele abrir uma loja e alega que o prazo que o cinema tinha para fechar um novo contrato expirou.

Assim sendo, a partir de fevereiro, um dos mais antigos e também um dos melhores cinemas de São Paulo devido a sua programação de qualidade a preços acessíveis, principalmente às segundas e às quartas (com exibição de inúmeros filmes do circuito alternativo) vai encerrar suas atividades.

Infelizmente, mais um capítulo negro na história de nossas boas salas de exibição.

Vamos acender uma vela... e esperar que o banco Unibanco nunca tire o patrocínio do seu espaço de cinema na Rua Augusta, senão seremos fadados a assistir filmes só em shoppings... e deixar nosso cérebro no guarda-volumes para retirá-lo na saída da sessão.

Ah, claro... Antes que feche de vez... vou até lá me despedir dele assistindo a pelo menos umas três sessões.

Juliano

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vange Milliet


Em 2001 fui ao show da cantora e compositora Vange Milliet desconhecida do grande público e que até aquele momento era completamente uma desconhecida para mim também.


Gostei tanto do show que resolvi comprar um cd, o segundo de sua carreira intitulado "Arrepiô" e fui até o camarim para que ela o autografasse.


Ao ler o encarte vi que algumas de suas composições eram em parceria com grandes nomes da cena musical alternativa da mpb, como por exemplo, Itamar Assumpção. O cd também apresenta algumas parcerias com Zeca Baleiro, e interpretações de uma canção de Tom Zé e uma maravilhosa interpretação de TININDO TRINCADO, um dos clássicos do grupo Novos Baianos.


Bem, hoje, por um acesso de nostalgia, resolvi escutar esse cd na íntegra, já que há muito não o escutava... e como me deleitei ao reouvir essas canções resolvi escrever esse post e sugerir a aqueles que não conhecem a obra dessa maravilhosa cantora possam se informar um pouco mais a respeito dela através de seu site oficial.
Juliano